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Blog da Pipoca Teresa e do Piglet João

O que aqui deixo são bocadinhos de nós. Momentos, sorrisos, lágrimas. A vida na sua essência. O que aqui deixo são bocadinhos de vocês. São momentos que quero escrever para não esquecer. O que aqui deixo, deixo para nos/vos tornar eternos.

Blog da Pipoca Teresa e do Piglet João

O que aqui deixo são bocadinhos de nós. Momentos, sorrisos, lágrimas. A vida na sua essência. O que aqui deixo são bocadinhos de vocês. São momentos que quero escrever para não esquecer. O que aqui deixo, deixo para nos/vos tornar eternos.

O dia J de João

pipocateresa, 02.10.12

De sábado para domingo dormi pouco. Estava ansiosa. Antes das 7 já andava em pé a despachar-me. Saímos antes das 9. Eu fiquei logo na maternidade e o papá foi levar uma Teresa muito ansiosa e precupada ("mamã se precisares de mim liga à tia C. que eu venho logo") a casa da tia C.. Havia apenas uma mamã na sala de espera o que me deixou tranquila porque ainda está fresca a memória do dia em que a Teresa nasceu em que não havia salas de parto disponíveis. Entrei para a enfermagem e depois fui fazer o CTG. Tudo tranquilo. Fui ter com a médica e ela lá me observou: tudo igual 3 para 4 dedos de dilatação, colo apagado, etc. Lá me disse que me ia dar entrada para a sala de partos apesar de não estar em trabalho de parto efetivo, e que podia demorar. 

 

O H. chegou com as malas e eu lá subi de elevador para a sala de partos. Começaram a preparar-me e, entretanto, o enfermeiro chama a anestesista para colocar o cateter. Ela chega e começa logo a reclamar porque quando me pergunta se tinha dores eu respondo que não, e ela então resmunga com o enfermeiro porque só a devia chamar quando estivesse com dores. Depois lá pôs o cateter, sempre parva e até me doeu um bocado, e disse que só daria a epidural quando eu tivesse dores. Ficou, então, combinado que assim que as dores tivessem a um nível que eu considerasse elevado para a chamar.

 

Entretanto, com a ocitocina as contrações intensificaram e ficaram mais curtas, mas sem dor. E assim estive das 10 e tal até às 3 e tal: deitada na maca, com contrações, mas a dilatação progredia muito lentamente. Eram aí 3 e meia quando entra uma enfermeira que me diz "eu vou dar aqui uma ajudinha para ver se isto avança". E assim foi feito o primeiro e único toque: descolou-me as membranas e rebentou o saco das águas. Estava antes do toque com 6 dedos de dilatação. Quando ela saiu do pé de mim eram 15.45 e disse "vamos lá ver se o João nos vai deixar lanchar". E deixou. Assim que ela me fez o toque tive uma contração de subir pelas paredes mas a enfermeira disse "aguarde pelas próximas porque esta pode estar a doer-lhe muito porque eu estive lá a mexer". Assim fiz. Cada vez piores e tive nisto aí 10 minutos. Pedi ao H. para chamar a anestesista que demorou 10 minutos a chegar. Chegou começou a preparar a epidural e eu já contorcida em cima da maca disse que tinha mesmo que fazer força. O enfermeiro que, entretanto mudou devido ao turno, observou-me e disse que estava a dilatação completa. Nisto diz para eu tentar aguentar a ver se a epidural fazia algum efeito. Impossível. Eram 16.11 quando nasceu o João, depois de 5 puxões (contados pelo H.) e a chorar a plenos pulmões. Eu quando o ouvi senti uma descarga emocional e chorei, chorei, chorei. Colocaram-no logo em cima do meu peito e assim esteve enquanto estiveram a dar os pontos (que foram daqueles que são absorvidos pelo organismo). Índice de apegar: 9 / 10 / 10. Começou imediatamente a mamar e assim esteve 1.30.

 

Foi um parto completamente diferente do parto da Teresa. O da Teresa, apesar de estar sob o efeito da epidural, foi mais difícil e a recuperação muito mais dolorosa. Desta vez, tive plena consciência que, tal como sempre achei, sem a epidural (ela fez efeito depois) estamos muito mais presentes no parto, a força que fazemos é muito superior, sem comparação possível, porque a dor que sentimos no momento do nascimento é tão insuportável que a força que fazemos transcede-nos. Este foi sem dúvida o parto que desejei.

 

E agora a minha coisa linda com 1 dia de vida...

 

Já somos 4!

pipocateresa, 27.09.12

O João nasceu no domingo, às 16.11, com 3.630 e 52 cm. É muito fofo, doce e (por enquanto) sereno. :)

Nasceu de parto normal e foi tudo tão rápido que nem deu tempo para que a epidural fizesse efeito. Mas isso contarei num próximo post. Agora vou ali enchê-lo de mimos mais um bocadinho. :)

A semana...

pipocateresa, 22.09.12

Esta foi uma semana longa...

O tempo custa a passar quando estamos à espera. E esta foi uma semana de espera.

Domingo marcou uma viragem na gravidez: senti-me ficar a 20% de mim. Dores nos rins e no fundo da barriga, contrações constantes (mesmo!!), noites mal dormidas.

Fui fazendo a minha vida normal: Teresa, roupa, casa, comida. Fui fazendo umas caminhadas. Tudo em câmara lenta. Decidi que não ia fazer nada de trabalho, mas na quinta, numa última chama de energia, ainda terminei umas tarefas profissionais.

 

Quarta tive consulta na maternidade. A tarde inteira à espera e já sem posição para estar... Nem sentada nem de pé. Fui vista pela enfermeira, tensão, peso, últimas indicações. Depois a médica. Tinha pensado queixar-me o mais possível a ver se a coisa se dava com uma ajuda. Mas não tive tempo.

A médica observou-se: 3 dedos de dilatação, colo apagado, bebé cefálico 1.º plano... E o toque Dra.? Quer o toque? Então terá que ficar já por aqui porque assim que lhe descolar as membranas o parto avança! Medo! As coisas por arrumar... Sozinha ali... Teresa para ir buscar ao infantário...... Ou, então, continua a médica, vem ter comigo no Domingo porque estou de banco e dou-lhe entrada nesse dia. Mas nasce nesse dia Dra.? Sim, claro.

Ok, então espero.

 

Então espero??!!

Então espero??!!

Bloqueio cerebral......

Ai desde aí já me arrependi 1000 vezes. 

 

Assim, em princípio, será amanhã. Lá estarei às 9.30.

Wish me luck!!

Como tudo começou...

pipocateresa, 13.10.08

A nossa aventura na blogosfera começou no blog http://www.clubedospais.pt/blog.php?u=2943 onde se encontram descritas as aventuras e emoções de 40 semanas de pura magia. Sentimos que fazia sentido ir escrevendo num cantinho aquilo que nos ia acontecendo para mais tarde recordar e, sobretudo, para partilhar com os amigos e familiares os vários momentos da nossa viagem. Entretanto, fomos fazendo amigos na blogosfera, trocando experiências, e aprendendo bastante.

 

Decidimos, então, criar este espaço onde continuaremos a partilhar as aventuras da maternidade. Porque este espaço só faz sentido com o nascimento da pipoca Teresa iniciamos com a descrição do parto. Espero que nos sigam e que partilhem connosco os vossos comentários.

Beijinhos!

 

O nascimento da Teresa

 

Fazíamos 40 semanas de vivência comum no dia 1 de Outubro de 2008 e a pequenita Teresa não dava sinal de querer sair do quentinho da barriga da mamã. Na Quinta-feira dia 2 tivemos consulta na Maternidade Daniel de Matos, onde verificámos que o colo já se encontrava permeável a 2.5 cm de dilatação. A médica fez um toque “mágico” e previu que nos próximos dias teríamos a Teresa cá fora. Aconselhou umas boas caminhadas para ver se o processo se acelerava.

Eu e o papá lá tratámos de caminhar muito, muito. A verdade é que desde os 6 meses que caminhávamos cerca de 45m todos os dias, pelo que as caminhadas não surtiram grande efeito. Como nada acontecia decidi passar na maternidade no sábado de manhã para ser observada por uma médica nossa conhecida. Observou-me, novo toque e a promessa de que nessa mesma tarde voltaríamos lá. Pois… mas não voltámos. O Domingo passou sem novidades. Desde Sexta que as contracções eram frequentes, mas irregulares, provocando apenas um ligeiro incómodo, ora nos rins ora no baixo-ventre. Segunda de manhã, tal como o combinado com a médica, passámos na urgência às 10 da manhã, ansiando o internamento. Fui observada, a médica sentenciou 3 dedos de dilatação, e fizeram-me um toque do outro mundo… Desta vez é que era! Disse-me para ir caminhar (novamente!) e para voltar por volta das 3. A partir daqui as contracções aconteciam com intervalos irregulares mas nunca superiores a 10 minutos. Almoçámos e andámos, andámos, andámos (para quem conhece Coimbra, subimos e descemos o quebra-costas em 5 minutos!!!!! Entre duas contracções). Às 3 lá estávamos. Estava com 4 dedos de dilatação mas não entrava em trabalho de parto efectivo… A médica disse que me internava para me colocar a soro mas que estavam as salas de parto todas cheias. Pediu-me para voltar às 7, mas agora para ficar.

Às 7 dei entrada na urgência. Fui observada pela médica que chamou a enfermeira para proceder à tricotomia. Depois estivemos a preencher o papel do internamento. Entretanto, a médica assinalou na folha que eu iria levar epidural. Eu disse-lhe então que não tinha a certeza se queria levar uma analgesia durante o parto. Expliquei que gostava de perceber se aguentava as dores e caso fossem insuportáveis, optaria pela epidural. Nessa altura estavam já 3 médicas na sala com dois objectivos: convencerem-me das vantagens da técnica e desmistificarem as suas desvantagens. Os meus receios em relação à epidural estavam sobretudo relacionados com o facto de poder entrar em hipotensão (tenho sempre a tensão baixa) e de não conseguir colaborar no parto. A determinado momento, e após uma longa conversa em que a médica me disse que o mais provável era que o trabalho de parto fosse demorado e no fim eu estaria exausta e incapaz de colaborar de uma forma eficaz, decidi, então, levar a epidural.

Por volta das 8 o papá trouxe as malas para a urgência e subi com uma auxiliar para o bloco de partos. Entrei para uma sala com três janelas grandes que davam uma vista panorâmica sobre o estádio da académica. Dentro da sala havia uma box que iria servir para vestir o meu bebé. Estava muito calma e feliz porque, finalmente, iria conhecer a minha princesa.

Depois de me colocarem a soro e com a ocitocina e de me ligarem às várias máquinas de registo (tensão arterial, registo das contracções, batimentos cardíacos) entrou o anestesista. Expliquei-lhe que queria um nível mínimo de analgesia, suficiente para retirar a dor, mas que me permitisse sentir todo o corpo, bem como as contracções e, no momento próprio, a vontade de fazer força. O anestesista pediu-me, então, para me colocar em posição fetal, deu-me a anestesia local e colocou-me o cateter da epidural. Tudo isto sem qualquer dor. Em seguida, perguntou-me de 0 a 10 qual era o meu nível de dor, ao que eu respondi “zero”. Ele ficou muito espantado a olhar para mim. Eu lá lhe expliquei que estava com 4 dedos de dilatação mas sem dor, apenas com umas picadas. Visto que não estava com dores, o anestesista colocou-me a epidural a correr ao nível mais baixo.

Epidural dada, entra o meu marido. Eram cerca de 9.30 da noite. Da minha cama via Coimbra iluminada pelas luzinhas da noite. As contracções começaram e foram aumentando de intensidade, ao mesmo tempo que diminuía o espaço entre a sua ocorrência. A um determinado momento, começaram a ser um pouco mais dolorosas e o anestesista decidiu aumentar o nível da epidural. Continuei a sentir tudo, mas com um nível mais baixo de dor. Os médicos e enfermeiros iam entrando, faziam os toques (alguns, sobretudo os primeiros, bastante dolorosos) e iam registando a evolução. Constataram que a evolução estava lenta e uma enfermeira apagou o aquecimento da box. Foi aqui que pensei “isto vai ser pela noite fora”. O tempo ia passando entre risadas com o papá e dois dedos de conversa com as enfermeiras que iam entrando. O papá apercebendo-se de que ia ser longa a noite, saiu por uns minutos para ligar à avó e às tias. Por esta altura, já eu tinha muita vontade de fazer força, indicação que dei a uma enfermeira que entrou na sala. Passado uns minutos a médica entrou e disse “8 dedos de dilatação!!!!”. O papá tinha acabado de entrar e juntou-se à estupefacção geral: em 30 minutos fiz a dilatação quase toda! A sala fica agitada e toda a gente começa a preparar os utensílios para o parto. Entretanto, voltam a ligar o aquecimento na box, o que me deu imensa vontade de rir e pensei “o piolho já vos pregou uma partida!”.

Por volta das 12.30 já estava tudo montado na sala de parto. Estavam presentes 1 enfermeira, 2 médicas obstetras e 1 médica pediatra. Comecei a fazer força, toda a força que conseguia enquanto a médica tentava identificar a posição da Teresa. Começou a complicar-se porque ela não descia. A médica tentava movimentar-lhe a cabeça, enquanto eu puxava, e ela voltava para trás. Foi então que a médica pediu a ventosa e a partir daqui o parto começou a ser doloroso visto que, apesar de ter a epidural, continuei ter sempre sensibilidade naquela zona. A médica puxava, eu puxava, um médico, que entretanto veio auxiliar, colocou-se em cima de mim para fazer pressão e a Teresa, que por esta altura já era apelidada de teimosa, voltava sempre a recuar. Entraram, então, os fórceps em acção e uns puxos depois nasceu a Teresa mais linda que conheci até hoje.

A minha menina nasceu à 1.25, no dia 7 de Outubro, com 3.570 kg, 50,5 cm e um índice de apgar de 8/10. Experimentei nesse momento a felicidade maior que alguma vez havia experienciado. Fiquei toda a noite a olhar para ela e a pensar no quão linda era aquela coisa pequenina que Deus tinha colocado nos meus braços.

Do parto fica a consciência de que não tive uma hora pequenina, mas que, com a ajuda preciosa da medicina, tudo correu bem. Ficou, igualmente, desmistificada a epidural: não fiquei com tensão baixa, pelo contrário, tive sempre a tensão a 12/7, senti sempre todo o corpo e as contracções, tive vontade de fazer força e fiz, muita!

Da estadia na maternidade ficam boas recordações: uma colega de quarto impecável e enfermeiras, auxiliares e médicos simpáticos e eficientes. Nunca tinha estado internada mas ouso dizer que os dias em que lá estive até se passaram bastante bem. Mas claro que sair de lá com o meu tesouro foi um sonho!

E agora cá estamos os 3 em casa, a desfrutar das alegrias de sermos papás mas, também, a enfrentar alguns receios e ansiedades de quem está na sua primeira viagem. Certos de que o caminho é longo e que não há viagem melhor que esta!